O empréstimo consignado do Auxílio Brasil, autorizado às vésperas do segundo turno das eleições, tem chamado a atenção dos especialistas financeiros pelo volume de recursos liberados, pelo número de reclamações e também pelos riscos aos beneficiados.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, só nos primeiros três dias da linha de crédito foi liberado R$ 1,8 bilhão em empréstimos. Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) identificou mais de 2 mil reclamações referentes ao programa, somente entre os dias 11 e 17 de outubro.
Os riscos do empréstimo consignado do Auxílio Brasil
A linha de crédito preocupa especialistas financeiros que avaliam que a modalidade poderá resultar em grande endividamento dos brasileiros de baixa renda. Entenda os riscos:
- Os juros são altos. O teto de 3,5% é, na prática, maior do que os bancos cobram, por exemplo, do consignado do INSS, que é de 2,14%. Além disso, não há possibilidade de negociar melhores condições.
- O empréstimo pode comprometer até 40% do valor recebido pelo programa. Ou seja, quem tem direito a R$ 400,00 vai receber apenas R$ 240, já que R$ 160 serão retidos pelo banco para pagar a dívida.
- O empréstimo consignado vai aumentar as despesas do cidadão por até 2 anos. Dessa forma, ele terá de pagar as parcelas mensalmente, durante 24 meses.
- É importante lembrar também que o valor do Auxílio Brasil previsto em lei é de R$ 400,00 e não de R$ 600,00. O auxílio de R$ 600,00 vale apenas até o final deste ano e não está garantido para 2023.
- Com um benefício menor e comprometido pelo empréstimo, poderá faltar dinheiro para despesas e contas essenciais, como alimentação, água, luz e gás.
- Se o benefício for cancelado, o empréstimo não será cancelado e terá de ser pago todos os meses até o fim do prazo do contrato.
O Ministério Público pediu a suspensão das concessões do empréstimo
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”. Vale lembrar que a Caixa é um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania, e o único entre os cinco maiores do País a operar essa linha de crédito.