A queda do home office e a aposta no trabalho híbrido

O auge do home office, uma tendência durante a pandemia, parece estar chegando ao fim. Entre 2020 e 2021, houve até quem previsse o fim dos escritórios e o domínio do trabalho remoto. Parecia um exagero e, na verdade, era mesmo. A oferta de vagas para trabalho remoto caiu vertiginosamente e a maior parte das empresas já trouxe os funcionários de volta para o escritório.

É difícil prever o futuro do trabalho, sobretudo quando as previsões são feitas em condições excepcionais, como a pandemia. Na prática, ainda que o home office tenha passado a ser uma das prioridades para candidatos no mundo todo, o formato nunca pegou de verdade. Mesmo no ápice do isolamento social, entre maio e junho de 2020, apenas 10% dos trabalhadores no país trabalhavam remotamente, segundo dados do IBGE.

Produtividade: o ponto fraco do home office

O motivo pelo qual as empresas estão trazendo seus colaboradores de volta para o escritório é simples: produtividade. Antes da pandemia popularizar o home office, havia pouca pesquisa dedicada a analisar os efeitos desse modelo de trabalho. Entretanto, nos últimos anos, diversos estudos lançam dúvidas sobre os benefícios do home office para as empresas.

Pesquisadoras da Universidade de Harvard publicaram um estudo feito com funcionários de uma varejista on-line que revelou uma queda de 4% na produtividade no ambiente de home office. Além disso, os trabalhadores remotos não apenas atendiam menos chamadas como também apresentavam desempenho prejudicado, mantendo os clientes em espera por mais tempo.

Outra pesquisa feita pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade da Califórnia descobriu que trabalhadores remotos na Índia eram 18% menos produtivos do que seus colegas de escritório.

Um terceiro estudo realizado em parceria pela Universidade de Chicago e a Universidade de Essex encontrou um déficit de produtividade de 19% entre os funcionários remotos de uma empresa de TI da Ásia.

O trabalho remoto e os direitos trabalhistas

No Brasil, o trabalho remoto é regulamentado pela CLT e pela Reforma Trabalhista de 2017. Existem regras específicas que os empregadores e funcionários devem observar ao adotar essa modalidade de trabalho.

O empregador é responsável, por exemplo, pelo fornecimento dos equipamentos necessários para a realização das tarefas, bem como pelo reembolso de despesas relacionadas ao trabalho remoto, como internet e energia elétrica.

Além disso, a CLT também determina que o empregador deve assegurar a proteção à saúde e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho remoto, realizando as medidas necessárias para prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

O trabalho híbrido resiste

Se o home office total vai perdendo espaço, o modelo híbrido ainda tem seus adeptos. Muitas empresas, que estavam em regime de trabalho remoto, migraram para o híbrido. É o que fizeram as Big Techs americanas, por exemplo.

Por enquanto, Amazon, Apple, Alphabet (do Google) e Meta (do Facebook) exigem dos funcionários três dias no escritório. Resta saber se a iniciativa será apenas uma transição para o retorno definitivo ao modelo presencial ou uma tentativa de equilibrar a flexibilidade do trabalho remoto e a manutenção da produtividade.

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